Apesar da disparidade salarial ser melhor na região do que no continente, ainda existe discriminação por parte de vários setores da sociedade.
Verifica-se, ainda, que há pessoas mais bem qualificadas nos quadros superiores. Contudo, apesar de haver mais mulheres a trabalhar em altos cargos, há uma diferença salarial entre homens e mulheres com as mesmas funções.
“Temos mais mulheres a trabalhar em quadros superiores, contudo, os homens continuam a ganhar mais naqueles quadros do que as mulheres, à volta de 550 euros de diferença” revelou Catarina Borges, acrescentando que “isso continua a ser o ‘calcanhar de Aquiles’ que urge trabalhar”. A presidente da ACEESA acrescenta que “em situações de trabalhos iguais, eles ganham mais que as mulheres”, adiantando que “continuamos a ter a segregação de profissões”, explicando que “as mulheres estão em maioria nas atividades de saúde e educação, os homens estão em minoria, contudo, quando vamos estudar o setor da construção civil, são eles que estão em grande maioria, cerca de 80%”.
Catarina Borges falava no âmbito da 8.ª edição do ciclo de Laboratórios de Igualdade, que vai decorrer, pela primeira vez, no arquipélago, a 21 e 22 de fevereiro.
A responsável salientou, também, que existem profissões mais direcionadas para mulheres e outras para homens.
Catarina Borges diz que as mulheres continuam a estar nas profissões mais mal pagas. Desequilíbrio na conciliação entre trabalho e família é outra das diferenças existentes entre os dois sexos.
Neste sentido, realiza-se esta ação de formação da responsabilidade da CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego, com a colaboração da CRITE – Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no Emprego nos Açores, inserida no projeto “Valorização, Igualdade de Género em Contexto de Trabalho – Organizações mais Inclusivas”, promovido pela ACEESA, com o apoio do Governo Regional.
Esta iniciativa tem diversas finalidades como revelou a presidente da ACEESA.
“Este ciclo de ‘Laboratório de Igualdade’ tem por objetivo trabalhar a dimensão da igualdade no trabalho e no emprego; combater a segregação das profissões e eliminar a discriminação entre homens e mulheres no mercado de trabalho”, disse a responsável. Catarina Borges refere que “queremos que, neste ciclo, se capacite pessoas de diversas entidades, no âmbito da operacionalização das suas políticas e das práticas organizacionais em matéria de igualdade no trabalho, proporcionando conhecimentos e instrumentos facilitadores para o desenvolvimento das suas competências nas organizações”. A presidente disse que “ queremos que pessoas e organizações se conheçam, tenham acesso e saibam trabalhar os instrumentos e políticas que estão ao dispor para que se consiga levar avante a efetiva igualdade de género no mercado de trabalho”.
“A Situação do Mercado de Trabalho”; “Enquadramento Concetual da Igualdade”; “Instrumentos e Estratégias de Intervenção para a Igualdade”; e “Apresentação e Avaliação dos Resultados” são os quatro laboratórios formativos que vão ser ministrados por Maria do Rosário Fidalgo e Ana Margarida Vieira, da CITE, e por Amanda Tavares, da CRITE.
Conta com a presença de diversas entidades governamentais e não governamentais, tais como autarquias, algumas direções regionais, Inspeção Regional do Trabalho, centros de saúde, escolas profissionais, empresas privadas, entre outras.
Quanto à importância da iniciativa, Catarina Borges afirma que “tem toda a importância”, explicando que “só pela informação é que se consegue ter um progresso nessas áreas e quanto mais se refletir, falar, debater e mostrar casos e depois das pessoas começarem a ver apercebem-se que é tão óbvio e que não faz sentido existir esse gafe”.
A 8.ª edição do ciclo de Laboratórios de Igualdade vai decorrer a 21 e 22 de fevereiro, na Cresaçor – Cooperativa Regional de Economia Solidária, em Ponta Delgada.